Por: Samara Coelho Mascarenhas
graduanda em Ed. Física UNEB- Campus IV
A natação é um excelente meio para apresentar/introduzir a Educação Física ao ser humano, uma vez que, normalmente, os 9 (nove) primeiros meses deste são vividos num meio líquido.
Azevedo et al. (2008), alerta os estudantes de Educação Física acerca da utilização da natação como instrumento de aplicação da Educação Física ao ser humano. Segundo a autora, o bebê já é adaptado ao meio líquido desde a gestação onde é capaz de fazer movimentos natatórios, demonstrando uma série de reflexos, comuns na primeira infância. Citando Lagrange (1974), ela afirma que o contato com a água ainda nos primeiros meses de vida favorece a saúde e proporciona um momento de prazer e descobertas para os bebês.
Não se trata, porém, de um simples regresso do bebê exatamente ao mesmo tipo anterior de comportamento imaturo, mas, como afirmam Corrêa e Massaud (2007), é como se o trilho do desenvolvimento se desenrolasse numa espiral ascendente da direita para esquerda (mas sempre para cima), salientando ora o lado menos amadurecido da espiral, ora o lado mais amadurecido. Este princípio do desenvolvimento, segundo o autor aqui mencionado, exprime-se, talvez, com maior clareza, no primeiro ano de vida, quando o bebê desenvolve a capacidade de rastejar, engatinhar, ficar de pé e andar.
Corrêa e Massaud (2007) alertam que, seguindo a definição que apresenta a Natação como sendo ato de mover-se e sustentar-se na água por impulso próprio, com movimentos combinados de braços e pernas, a natação na primeira infância (até os dois anos e onze meses) deve ser denominada como atividades aquáticas. Recomenda-se como idade mínima para começar essa prática a partir dos seis meses. Uma vez que, nesse período a criança, que está com a vacinação em dia e por tanto protegida de doenças como a “coqueluche”, tem a liberação do pediatra para freqüentar piscinas e praias.
Em relação ao o local e as condições para uma boa realização das atividades aquática para bebês, recomenda-se que a temperatura da água esteja em torno dos 30 graus. Azevedo et al. (2008), chama atenção de que tão importante quanto a temperatura é o pH da água que deve estar entre os
O mais importante em relação à higiene das instalações, de acordo Corrêa e Massaud (2007), é a qualidade da água e a limpeza da borda. Uma vez que, a proliferação de fungos em ambientes fechados, cobertos, e onde não bata sol, é grande, por isso, todo o material utilizado pelo bebê deve ser lavado e pegar claridade (sol), pelo menos uma vez por dia. Os bebês são perceptíveis e sensíveis a tátil-bárico com a água, e o seu desempenho motor é quase que relacionado diretamente a esse fator.
No relativo aos benefícios aos bebês, Azevedo et al. (2008), citando Ferreira (2007), apresenta alguns adquiridos com a prática da natação, são eles: benefícios físicos, orgânicos, sociais, terapêuticos e recreativos, melhora da adaptação na água, aprimoramento da coordenação motora, noções de espaço e tempo, prepara o psicológico e neurológico para o auto-salvamento, aumenta a resistência cárdio-respiratória e muscular. Ela enfatiza, ainda, que a natação ajuda também a tranqüilizar o sono, estimular o apetite, melhorar a memória, além de prevenir algumas doenças respiratórias.
Deve-se ter ressaltar, no entanto, que um programa de natação para a primeira infância, só trará esses resultados, benefícios, quando elaborado e conduzido por um profissional competente. Ai sim desenvolverá, dentro do limite de cada indivíduo, dentre outros, a aquisição do sentimento de "confiança básico”, a seleção e gradação dos estímulos sensoriomotores para obtenção de respostas adaptativas, a adequação aos estímulos perceptivomotores no preciso momento evolutivo, o conhecimento e domínio progressivo do corpo, a formação de base da inteligência, a comunicação entre a criança e o professor através do gesto e da ação, a instauração de um vínculo pedagógico personalizado e cooperativo, aberto a mutualidade familiar.
Mediante a tantos benefício que nem sempre é de conhecimento da sociedade, cabe o questionamento “Porque tantos pais buscam colocar seu bebê na atividade aquática?”. Corrêa e Massaud (2007) dizem, levando em consideração uma observação que eles fizeram em duas escolas de natação para bebês do Rio de Janeiro, que a grande maioria busca melhorar a saúde do bebê, porém, como afirmam os autores, natação não faz “milagres”. Outros motivos apresentados por eles são: evitar acidentes em piscinas e evitar futuros problemas motores.
Independente de qual seja o motivo que leve o pai a buscar para o seu bebê as aulas, ou objetivo do professor para com as aulas de atividades aquáticas, deve-se ter em mente que justamente por se tratar de bebês o cuidado é “redobrado” e professor deve se utilizar de métodos e conhecimentos específicos para ministrar, de forma eficiente, em suas aulas.
Um exemplo de como podem ocorrer as aulas é apresentado por Corrêa e Massaud (2007) em seu livro. Eles oferecem uma Proposta Pedagógica pra crianças de seis meses a dois anos. Que inclui aulas individuais com duração de vinte minutos. Aulas com a participação do responsável, sob a orientação de um professor e com duração de trinta minutos. E aulas de trinta minutos, em turmas com três alunos, para crianças de dois anos.
Segundo os autores nestes níveis são desenvolvidos os seguintes conteúdos: Adaptação ao meio líquido e ao professor; Deslocamento com o professor; Preensão de objetos de formas, texturas e tamanhos variados; Equilíbrio de pé no Plano, utilizando flutuadores diversos; Estímulos ao deslocamento ativo; Adaptação à água no rosto; Educativos para imersão; Estímulos à imersão voluntária; Flutuação com bóia; Sopro do ar na água; Desenvolvimento do controle respiratório; Deslocamento do controle respiratório; Deslocamento submerso; Salto da borda, com e sem imersão; Deslocamento submerso com mudança de direção; Atividades lúdicas, musicais e historiadas; Socialização do bebê (atividades em grupos) e Sobrevivência no meio líquido.
Uma fase importante para a criança, de acordo com Corrêa e Massaud (2007), é a passagem da aula individual para a coletiva. Só por volta dos dois anos é que é dado o início as atividades lúdicas onterativas, pois antes desta idade, mesmo as crianças estando reunidas, elas não brincam juntas. Na proximidade dos seus dois anos, o professor deve começar a dar aulas perto das aulas de outro grupo. A passagem para a aula em grupo só deve ser efetivada após longo período de observação e de testagens.
Corrêa e Massaud (2007) apresentam uma curiosidade a cerca da metodologia e objetivos das aulas de atividades aquáticas para bebês, segundo ele as aulas de bebês com mães são utilizadas,
O professor é, sem dúvida, um personagem muito importante nas aulas de atividades aquáticas. Uma característica essencial é gostar de trabalhar com bebês, porém é primordial associar essa característica a um conjunto de conhecimentos relativamente aprofundados nas áreas da psicomotricidade, da psicologia infantil, da fisiologia e da própria natação, lembrando sempre de ter um pediatra que possa dar assistência aos bebês. Para que assim, o professor possa propor atividades, de forma segura, adequadas ao estágio de maturidade física e psíquica dos bebês, lembrando sempre, que o horário da aula não deve coincidir com os horários do sono e da alimentação da criança.
Com tudo, é visível, diante da complexidade para se obter um ambiente favorável à prática de atividades aquáticas para bebês, o seu maior público, ou seja, por ser uma atividade relativamente “cara” o seu público alvo, consequentemente, é quem pode pagar. Seja por motivos de promoção de afetividade ou de promoção de saúde, sejam quais forem as razões que leve os pais a procurarem a natação para seus bebês, o professor tem que está apto a desenvolver as atividades aquáticas, principalmente, por se tratar de bebês. Sendo assim, levando em consideração que a natação ou qualquer outra área na Educação Física deve proporcionar o inter-relacionamento entre o prazer e a técnica, através de procedimentos pedagógicos criativos, ninguém melhor que o profissional de Educação Física para atuar na prática das atividades aquáticas para bebês.
Referências
AZEVEDO, A. M. P. ; MORAES, L. C. ; RODRIGUES, L. K. S. ; BARBACENA, M. M. ; GRISI, R. N. F. . Os Benefícios da natação para bebês de
Corrêa, Célia Regina Fernandes. Massaud, Marcelo Garcia. Natação da iniciação ao treinamento: Montagem e Administração, Organização pedagógica do bebê. Sprint – Rio de Janeiro: 3° edição - 2007
Escalante, Yolanda. Rodríguez, Ferran. Saavedra, José. A evolução da natação. Disponível em: http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Ano 9 - N° 66 - Novembro de 2003.
Farias, Sidney Ferreira. Natação: ensine a nadar. Florianópolis. Hd. da UFSC. I988
Nakamura, Oswaldo Fumio·. Natação 4 estilos: defeitos, correções - São Paulo: ícone. 1997.
ZULLIETTI, L.; SOUZA, I.L.R. A Aprendizagem da Natação do Nascimento aos 6 anos - Fases de Desenvolvimento. Revista UniVap, v. 9, n 17, 9-14 [São Jose dos Campos], 2002. Disponível em http://www.univap.br/cultura/Univa 17. pdf. Acesso em 14 de maio de 2009.

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